domingo, 16 de março de 2008

Solar




"Eu quero o pensar-sentir hoje e não tê-lo apenas tido ontem ou ir tê-lo amanhã.
Tenho certa pressa em sentir tudo. Quero alcançar dentro de mim uma paisagem
assim profundamente embaixo da terra, um lençol d´águas plácidas correndo - e a
alma extasiada que não se controla e estremece em levíssimo orgasmo. A pura
contemplação." Clarice Lispector

Depois desse trecho, fica ainda mais difícil duvidar que ela realmente me conhece desde pequena.


Eu não só quero, como tenho nesse momento vivido o "pensar-sentir hoje" que Clarice se refere e me sinto muito bem com isso. A sensação é exatamente essa de "alma extasiada que não se controla e estremece em levíssimo orgasmo" (nem quero saber de conversar rs).
Se há dentro de mim "uma paisagem assim profundamente embaixo da terra, um lençol d'águas plácidas correndo" eu não sei, mas enquanto ainda não achei no meu interior essa paisagem tão sublime, resolvi tentar encontrá-la fora de mim, e sabia exatamente onde encontrar.


Há algum tempo atrás passei por um momento bastante delicado da minha vida. Num desses dias de momentos de pouco raciocínio e muita confusão mental, espiritual e emocional, estava eu voltando do centro da cidade pra casa, passei em frente à uma placa que dizia "SOLAR DO UNHÃO" involuntariamente entrei. Assim. Simplesmente assim. Seguia em direção a minha casa, vi a placa e entrei.
Desci a ladeira com o carro sem saber exatamente, onde eu estava, para onde eu estava indo, e o que exatamente eu estava indo fazer ali. Me deparei com uma vista privilegiada da Baía de todos os Santos (encantos e axé). Como que numa espécie de transe, estacionei o carro, desci lentamente, sentei em um batente e fiquei ali. Parada, enfeitiçada. Como uma espécie de encanto. Pensei em mim, em minha vida, em tudo. Depois de muitas horas (não me perguntes quantas) entrei novamente no carro e voltei "ao normal".


Aquilo foi mágico de uma forma que até hoje guardo e revivo exatamente a mesma sensação todas as vezes que volto ao Solar do Unhão. Quando entro lá é como se eu estivesse entrando daquela minha primeira vez. E diante da mesma vista de todas as vezes, tenho o mesmo sentimento de descoberta daquela tarde.
Ontem eu fui lá. Delicioso.

É o lugar perfeito pra absolutamente tudo.
Pra pensar (e repensar) a vida, pra pensar em alguém especial, pra tomar decisões, pra colocar a conversa em dia, pra discutir assunto mal resolvidos, pra matar a saudade, pra ouvir música, pra fazer silêncio, pra perceber o quanto vc ama quem está te fazendo companhia ali naquele lugar, naquele momento, e perceber o quanto é feliz por ter alguém assim na sua vida, pra lembrar de novo de alguém especial, e lembrar de novo e de novo e de novo.

O Solar do Unhão é um lugar onde os corações aflitos encontram a paz e os enamorados saem de lá com flores, sinos, perfume, estrelas e sorrisos.
O Solar do Unhão exerce sobre mim uma magia difícil de explicar.


Pra completar a noite encontrei meus dois amorecos (Aline e Gu). Saimos e fizemos o que nós fazemos todas as noites. "Tentar dominar o mundo"???? Não. Comer Mc melt rsrsrs
"Amo muito tudo isso"


É isso.



Ps.: Vocês lembram a foto de um pôr do sol que eu coloquei no primeiro post? Achei no google. A foto lá em cima foi tirada lá, ontem do meu celular, muuuuuuuuuuuito mais lindo. Devo falar novamente desse cartão postal, em breve, afinal existe uma promessa a ser cumprida.
"E se quiser saber pra onde eu vou... Pra onde tenha sol. É pra lá que eu vou."

2 comentários:

Anônimo disse...

"São as dúvidas que nos fazem crescer, porque nos obrigam a olhar sem medo para as muitas respostas de uma mesma pergunta". (Paulo Coelho).

“Só pode existir dúvida onde exista uma pergunta; uma pergunta, só onde exista uma resposta; e esta só onde algo possa ser dito”. (Wittgenstein)

Desta vez, trago comigo os pensamentos dos mestres Paulo Coelho e Wittgenstein os quais retratam em grande estilo a importância e o dilema sobre o ato de duvidar, afinal, duvidamos quase sempre, de quase tudo, de quase todo mundo. Duvidamos das nossas sensações, das nossas imaginações, dos nossos pensamentos e sentimentos. Cada um acredita e confia no que lhe convém, e quando isso não acontece da forma desejada, perdemos o domínio do que acreditávamos distinguir com facilidade o que é certo ou errado, e eis que surge a famosa dúvida. Duvidar é humano, e acreditar nem sempre traz decepções. Para finalizar deixo uma reflexão de um amigo que conduziu muito bem a importância de se assumir riscos:

Se existem três sapos numa folha, e um deles decide pular da folha para a água, quantos sapos restam na folha?
A resposta certa é: Restam três sapos. Porque o sapo apenas decidiu pular. Ele não fez isso.
Nos não somos como o sapo, muitas vezes? Que decide fazer isso, fazer aquilo, mas ao final acabamos não fazendo nada?
Na vida, temos que tomar muitas decisões. Algumas fáceis; algumas difíceis.
As maiores partes dos erros que cometemos não se devem a decisões erradas. A maior parte dos erros se deve a indecisões. Temos que viver com a conseqüência das nossas decisões. E isto é arriscar. Tudo é arriscar.
Rir é correr o risco de parecer um tolo.
Chorar é correr o risco de parecer sentimental.
Abrir-se para alguém é arriscar envolvimento.
Expor os sentimentos é arriscar a expor-se a si mesmo.
Expor suas idéias e sonhos é arriscar-se a perdê-los.
Amar é correr o risco de não ser amado.
Viver é correr o risco de morrer.
Ter esperanças é correr o risco de se decepcionar.
Tentar é correr o risco de falhar.
Os riscos precisam ser enfrentados, porque o maior fracasso da vida é não arriscar nada. A pessoa que não arrisca nada, não faz nada, não tem nada, é nada. Ela pode evitar o sofrimento e a dor, mas não aprende, não sente, não muda, não cresce ou vive. Presa à sua servidão, ela é uma escrava que teme a liberdade. Apenas quem arrisca é livre.
O pessimista queixa-se dos ventos. O otimista espera que mudem. O realista ajusta as velas.

Iana disse...

Gata!!! E o prêmio filósofa (e como) do ano vai para...
Como não tenho a mínima pretensão de dizer algo que fique perto dessas suas reflexões, vou comentar apenas do P.S do post: realmente a Bahia é linda, Salvador mais ainda e vc quer tirar onda que o seu celular porreta arrancou os mais belos contratastes de cores desse pôr-do-sol, não é? E viva quem tem dinheiro (e não perde a piada)!
Fica com Deus!
Saudadesssss